13. Pegada ecológica e sustentabilidade humana 2007, 257 p., livro
O pioneirismo das obras do autor é reforçado com o lançamento desse trabalho.
Primeiro livro brasileiro a trazer um estudo completo adotando a abordagem da Pegada Ecológica.
Foi o resultado da sua Tese de doutoramento (sob a orientação do Prof. Antonio José Andrade Rocha, PhD da Universidade de Edinburgo, Escócia, no Departamento de Ecologia da UnB).
Comentário do autor
Recomendo esse livro para as profissionais e/ou interessados na área ambiental e educacional que buscam aprofundamento técnico e atualização sobre os nossos cenários socioambientais. Engenheiros de qualquer área, físicos, químicos, biólogos, geógrafos, professor@s, artistas, nômades, ambientalistas (e por aí segue) encontrarão nesse estudo um conjunto de informações valiosas para a compreensão dos desafios ambientais.
O estudo escancara a insustentabilidade do atual estilo de vida. Isto é demonstrado, inclusive, quantitativamente. A análise da pegada ecológica revela cenários desafiadores. Sinaliza as alternativas de soluções.
Foram cinco anos de pesquisa de campo e dados reunidos ao longo de dez anos. Envolvemos doze estagiári@s e cerca de 20 voluntári@s da Universidade Católica de Brasília.
De todos os livros que escrevemos, este é o nosso preferido. Foi o mais doloroso, entretanto. Em muitos momentos da sua criação, imersos na madrugada, choramos. Lamentos pela ignorância humana, pela insensibilidade reinante, pela arrogância e cegueira coletiva. Por percebermos que poderia ser diferente.
Sentimos também a necessidade de nos desculparmos com os nossos descendentes.
Como resultado, na parte final se resolveu investir mais no campo emocional-afetivo, buscando reflexões e outras explicações e saídas menos tecnológicas e mais viáveis.
Pegada Ecológica e Sustentabilidade Humana
(As dimensões humanas das alterações ambientais globais – um estudo de caso brasileiro (como o metabolismo socioecossistêmico urbano contribui para as alterações ambientais globais))
Apresentação (original)
A maior parte da população humana agora vive em cidades. Já são várias gerações nascidas e criadas ali, afastadas do convívio com a natureza.
Essas gerações foram preparadas por um sistema educacional que as faz ignorar as conseqüências ambientais dos seus atos e objetiva torna-las consumidoras úteis e perseguidoras obsessivas de bens materiais. Imersas em uma luta cotidiana cada vez mais cheia de compromissos, não percebem como estão incluídas na trama global da insustentabilidade. Vivendo sob tais condições, não reconhecem que dependem de uma base ecológica de sustentação da vida.
Populações crescentes, analfabetismo ambiental, consumos exagerados e comportamentos egoísticos formam uma amálgama temerosa para a configuração de um estádio de declínio da qualidade da experiência humana, via degradação ambiental, concentração de renda e exclusão social. Sob tais condições, o desenvolvimento sustentável não é concebível nem teoricamente.
O desafio evolucionário humano está ocorrendo nos centros urbanos. As cidades são pontos emanadores de indução de alterações ambientais globais. Quase todo o crescimento está ocorrendo em cidades. Elas ocupam apenas 2% da superfície da Terra mas consomem 75% dos seus recursos. As cidades tendem a ocupar o mesmo nicho global dentro da biosfera e explorar os recursos da mesma maneira Esse modelo suicida está sendo replicado em quase todo o mundo, gerando pressões cada vez mais fortes. O aumento da eficiência em uma parte relativamente pequena do mundo produziria grandes resultados
Esse estudo, realizado na cidade de Taguatinga, Distrito Federal, reúne elementos para análise das relações entre a expansão de um socioecossistema urbano e as suas contribuições às mudanças ambientais globais, devido às variações de uso/cobertura do solo e do seu metabolismo energético-material.
Sob uma perspectiva da Ecologia Humana e utilizando a Análise da Pegada Ecológica, examina as dimensões humanas das alterações ambientais globais induzidas pelo metabolismo energético-material daquele socioecossistema urbano e demonstra que para sustentar o seu megametabolismo , são demandadas quantidades colossais de matéria e energia, ao tempo em que se produz resíduos e emissões desestabilizadoras, criando-se uma poderosa teia de exploração e carga sobre os recursos naturais, cuja extensão de influências tem escopo global.
Estamos destramando os fios de uma complexa rede de segurança ecológica; a maior parte dos seres humanos ainda não reconhece o valor dessa rede.
Não existe meio-termo. Ou construímos uma economia que respeite os limites da Terra ou continuamos com o que está aí até o seu declínio e nos envolvemos em uma tragédia evolutiva. Reconhecemos os limites naturais da Terra e ajustamos nossa economia, ou prosseguimos ampliando cada vez mais a nossa pegada ecológica até que seja muito tarde? Estamos todos envolvidos em um grande experimento global.
Indice
- Introdução
1.1. Estamos como estamos porque somos como somos?
1.2. O modelo gerador de problemas sistêmicos
1.3. Conhecendo o desafio
1.4. O metabolismo dos ecossistemas urbanos como indutores de alterações ambientais globais – o problema-objeto desse estudo
1.5. O foco do estudo
2. Marcos conceituais, contexto e natureza ecossistêmica do estudo
2.1. O socioecossistema urbano, seus problemas e abordagens
2.1.1. Elementos, conceitos e pesquisas em socioecossistemas urbanos
2.1.2. Os modelos ecossistêmicos
2.1.3. Estruturas e funções dos ecossistemas: serviços prestados e antropismo
2.1.4. Rede de informações e estabilidade ecossistêmica
2.2. Ecologia Humana e padrões de interações ecossistêmicas
2.3. As dimensões humanas das alterações ambientais globais
2.3.1. Fontes globais de gases-estufa
2.4. Eixo estrutural do estudo
3. Onde o estudo foi realizado
3.1. Caracterização da região
3.2. Caracterização da área de estudo
4. Como o estudo foi realizado – Diferentes métodos iluminam diferentes aspectos dos processos.
5. Análise dos resultados
5.1.Contribuições das alterações de uso/cobertura do solo pela expansão do
socioecossistema urbano às alterações ambientais globais
5.1.1. Conversões de áreas naturais para campo/agropastoril
5.1.1. Destruição das matas de galeria
5.1.2. Aumento da área urbana
5.1.3. Aumento de áreas degradadas
5.1.4. Destruição de áreas de cerrado (stricto sensu)
5.2. Contribuições do metabolismo socioecossistêmico urbano, resultantes do crescimento populacional e dos padrões de consumo adotados, às mudanças ambientais globais.
5.2.1. Os padrões de produção e consumo
5.2.2. O crescimento da população humana
5.2.2.1. Emissões de gases-estufa e outros impactos produzidos pelos transportes
5.2.2.2. Emissões produzidas pelo consumo de gás de cozinha
5.2.3. O consumo de combustíveis fósseis
5.2.4. Emissões e outros impactos produzidos pela geração de resíduos
5.2.5. Impactos gerados pelo consumo de energia elétrica
5.2.6. Impactos gerados pelo consumo de água
5.2.7. Impactos gerados pelo consumo de madeira e papel
5.2.8. Impactos gerados pelo consumo de carne bovina
5.2.9. Impactos gerados por componentes pontuais do metabolismo socioecossistêmico urbano
5.2.9.1. Contribuições da respiração humana ao aumento da concentração do gás carbônico atmosférico
5.2.9.2. Contribuições da parafernália doméstica
Ar interior
Fumo
Pilhas e baterias
Celulares
Lubrificantes
Cosméticos
Medicamentos
Utilização de água tratada
Acumulação/retenção de carbono
Dispersão global de contaminantes atmosféricos
Produtos de limpeza
Computadores
5.3. Análise da pegada ecológica do socioecossistema urbano estudado
5.3.1. Bases conceituais
5.3.2. As cidades como exemplo
5.3.3. A pegada ecológica da cidade estudada
5.3.4. Resumo das características do socioecossistema urbano estudado
5.3.5. Estimativa e comparação das intensidades de contribuições às
alterações ambientais gerais em diferentes tipos de ecossistemas
- Conclusões
- Posfácio
Reflexões sobre prospectivas
- Referências bibliográficas
Anexos
I. A Educação Ambiental nos socioecossistemas urbanos
II. Passos metodológicos utilizados
1. Grupos funcionais: lidando com a hierarquia de complexidade.
2. Suporte institucional
3. As imagens de satélites e a elaboração de mapas
4. O cálculo da perda de fitomassa
5. A determinação da emissão de CO2 pela perda de solo
6. Técnica de utilização dos líquenes como bioindicadores
7. As medidas de intensidades sonoras
8. Medida da média de ocupação em veículos
9. Determinação do consumo de combustíveis fósseis
10. Cálculo das emissões produzidas pela queima de combustíveis fósseis
11. Produção de lixo per capita e emissões de CO2 e CH4
12. Consumo de madeira e papel e emissão de CO2..
13. Determinação do consumo de carne bovina
14. A emissão de CO2 por meio do consumo de eletricidade
15. Determinação do consumo de água.
16 Cálculo da emissão de CO2 pela respiração
17 Medidas inobtrusivas
18. O cálculo da pegada ecológica.
Tabelas
1.Concentração atmosférica global dos gases-estufa
2.Emissões globais anuais de gases-estufa (1990)
3.Fontes globais naturais e antropogênicas e absorção de gases-estufa
4.Fontes de emissão de gás carbônico
5.Emissão industrial de gás carbônico em 1992
6.Concentração de gás carbônico, na atmosfera global
7.Fontes globais de emissão de metano
9. A População mundial
10.Variação da ocupação/uso do solo, na área de estudo
11.Perda da fitomassa
12.Análise de insatisfação, em Taguatinga
13.Evolução do número de placas de sinalização de trânsito perfuradas por projéteis
de arma de fogo
14.Evolução do crescimento da população, por localidade
15.Crescimento populacional na região do estudo
16.Frota de veículos no Distrito Federal
17.Evolução do tráfego na via central de Taguatinga
18.Proporção de carros por 1000 habitantes em diversas regiões do mundo
19.Gastos relativos do orçamento familiar para se manter um carro, na região do estudo
20.Capacidade, custos e emissão de vários tipos de transporte
21.Aquisição de veículos motorizados, no mundo
22.Material particulado em suspensão, no centro de Taguatinga
23.Presença de líquenes, em árvores, na via central de Taguatinga
24.Evolução dos níveis de intensidades sonoras, no centro de Taguatinga
25.Lixo coletado em Taguatinga, Ceilândia e Samambaia, no período 1987-1997
26.Comparação da geração de resíduos sólidos per capita
27.Consumo de energia elétrica na área do estudo
28.Reserva de água, em alguns países
29.Disponibilidade de água, em alguns países
30.Consumo anual de água, na área de estudo
31.Consumo de papel, no mundo
32.Involução da disponibilidade de terras ecoprodutivas per capita
33.Pegada Ecológica e déficit ecológico de alguns países
34.A Pegada Ecológica da área do estudo
35.Pegada Ecológica, disponibilidade de área ecoprodutiva e déficit ecológico de alguns países
Figuras
- O ambiente externo dos ecossistemas
- Utilização de recursos e modelo econômico
- Conexões entre as forças indutoras humanas e o uso/cobertura do solo
- Modelo conceitual dos efeitos das perturbações humanas sobre a biodiversidade e o funcionamento dos ecossistemas
- Diagrama das relações de uma cidade antiga, com seu entorno
- Algumas ramificações das mudanças induzidas pelos humanos, sobre a vegetação
- Conseqüências do modelo de “desenvolvimento”
- Expressão sistêmica da crise socioambiental global
- Dilema e insustentabilidade do modelo de “desenvolvimento”
- Alimentação da espécie humana versus carga ambiental
Quadros
- Modelo de interação ser humano – ambiente
- Emissões relativas
- Avaliação da percepção do consumidor de madeira
- Comparação das intensidades de contribuição às alterações ambientais globais geradas por diferentes ecossistemas
Fotografias
- Área do estudos
- Mata de galeria destruída para mais vias urbanas
- Para gerar emprego, mais pressão ambiental
Mapas
- Uso do solo
Gráficos
- O dilema da insustentabilidade